2005/04/20

"Publish or Perish?" A publicação académica

O que leva os autores académicos a publicar os resultados da sua investigação? E, para além de o fazerem gratuitamente, o que leva a que assumam 'page charges' ou suplementos para as figuras a cores sempre que tal é exigidos pelos editores?
A resposta é relativamente simples: os autores académicos publicam para que o seu trabalho possa ser avaliado pelos pares e constituir base cumulativa de investigação, verificável através do impacto de citação, isto é, o número de vezes que tal trabalho é citado em trabalhos posteriores.
Sendo a publicação um dos principais factores para a captação de fundos de investigação, é natural que os autores tenham por objectivo difundir maximamente os resultados da sua investigação procurando publicar nos 'core journals' da sua área. Acontece, porém, que muitos deles constituem, por isso mesmo, títulos proibitivos para as bibliotecas e, sendo assim, a divulgação de resultados fica condicionada àqueles que os podem adquirir afectando o impacto de citação que o autor procura obter.
O modelo de publicação actual baseia-se na assinatura da revista científica assumindo o subscritor (quando não também o autor) os custos associados, mas começa a emergir um modelo alternativo onde o autor (ou melhor, a entidade que financia a sua investigação) assume os custos de publicação libertando, deste modo, o seu trabalho a toda a comunidade académica sem restrições.
Dentro do actual modelo de assinatura é ainda possível alargar o acesso à comunidade académica sempre que o autor decida proceder ao self-archiving dos preprints e postprints em repositórios institucionais ou temáticos, preferencialmente OAI-compliant, de modo a tornar possível a pesquisa transversal através de ferramentas como o OAIster, por exemplo. Aumentando a exposição cresce, pelo menos potencialmente, o impacto de citação.
Nota: Os padrões de publicação são especialmente aplicáveis à área de STM (Science, Technology and Medicine).

2005/04/12

O nosso "choque tecnológico"

Óptima notícia a abertura deste espaço de reflexão sobre uma prática absolutamente decisiva para a produção científica. O saber efectivo, aquele "que conta", cada vez depende mais da sua disponibilização em rede, da sua abertura a outros interesses e saberes da comunidade que serve.
É provável que, em Portugal, neste campo ainda estejamos mais próximos da compreensão das possibilidades e da definição de metas e de processos do que da efectiva partilha. Mas esta é imprescindível para que se torne possível o alargamento da pesquisa individual e/ou sectorial - outrora confinada a espaços muito restritos e semi-cerrados - a esse domínio da constante descoberta e de infinita reprodutibilidade por onde passa o conhecimento do mundo. Afinal, a galáxia de Gutenberg foi apenas um início...